Em 1928, nasceram na rua Sá de Miranda, em Alcântara, os chocolates
Regina, que foram durante várias décadas dominantes no mundo dos chocolates em
Portugal, característicos pela sua criatividade, pelo sabor e claro (como
acontece em quase todos os produtos portugueses), pela sua qualidade.
Várias gerações de miúdos e graúdos se recordam dos chocolates lançados
pela Regina: as tabletes de chocolate de leite com amêndoas no interior, a
velha tablete de chocolate com um rótulo amarelo e com um sabor verdadeiramente
vintage, as várias tabletes de
chocolate com recheio a diversas frutas cristalizadas, os pequenos bombons com
uma explosão de sabor no seu interior…
Todavia, os produtos mais icónicos são
sem dúvida as pequenas sombrinhas de chocolate da Regina, assim como os lápis de
chocolate, o Floc Choc (tablete de chocolate com cereais crocantes) e o Coma
com Pão, uma tablete de chocolate nutricionalmente e fisicamente concebida para
ser comida entre duas fatias de pão, hmmm… A Regina também era conhecida pelas
máquinas de furos, que animavam muitas feiras e mercados. O que é isto de
máquina de furos? É um género de máquina árcade,
que nos propõe um jogo cujo objectivo é o de espetar uma agulha (em ponto
grande) em vários buracos, ou furos, de modo a caírem para o fundo da máquina
bombons com recheios diferentes. Alguns (os prateados e os dourados), até
podiam ser levados ao dono da máquina e davam direito a um prémio (um cromo de
futebol, normalmente). O aumento da popularidade dos chocolates foi de tal
ordem que em 1970, 500 operários fabricavam 15 toneladas diárias de produtos
Regina.
Mas claro, quando se fala dos chocolates Regina, há também que se falar da
fábrica de chocolates Imperial, também portuguesa, que criou marcas de
chocolates que rivalizaram com os da Regina. A Imperial foi fundada uns poucos
anos depois da Regina, em 1932, e desde cedo se tornou notória pelos chocolates
Bom-Bokas, Fantasias de Natal, Pantagruel, Pintarolas e Allegro.
1982 foi um ano igualmente importante para ambas as fábricas de chocolate.
Enquanto os chocolates Regina atingiam o seu apogeu de produção e popularidade,
a Imperial celebrava o seu 50º aniversário, ocasião em que lançou para o
mercado os chocolates Jubileu, também muito afamados. Contudo, a partir desse
ano, e em regra geral, todos os produtos portugueses sofreram uma queda nas
suas vendas. Porquê? Ora, devido à entrada de Portugal na Comunidade Económica
Europeia permitiu-se a entrada no país de poderosas marcas estrangeiras de
chocolates, que trouxeram uma concorrência asfixiante para marcas como a Regina
e a Imperial. Enquanto a Imperial sobreviveu aos ataques dos concorrentes, por
exportar produtos para o Japão e o Brasil, a Regina acabou por sair vencida e
caiu no esquecimento durante os anos 90.
Felizmente, em 2000, a marca de chocolates Regina renasceu, ao ser
comprada pela sua antiga rival, a Imperial. Em 2002, voltaram a ser produzidos
os chocolates Regina, com o mesmo sabor e qualidade, só com
um design gráfico diferente e a Imperial elaborou um estudo de mercado do qual
concluiu que a Regina ainda tinha uma notoriedade superior a 90% em Portugal. A
partir daí, a Regina tornou-se líder nacional na categoria de chocolates com
amêndoas e avelãs e está hoje presente em mais de 20 países pelo mundo fora,
entre eles os EUA, Canadá, Brasil, Venezuela e Itália. É hoje uma mega
tendência, ao que agora detêm o título de produto Retro-Future, isto é, uma marca vintage
que fez as delícias de gerações do passado que está hoje bem viva e com
perspectivas para o futuro.
The
Regina chocolates were born in 1928 in rua Sá de Miranda, in the Portuguese
town of Alcântara. Regina was for many decades the main chocolate brand in the
Portuguese chocolate world, characteristic for its creativity, flavour and, of
course (similarly to almost every other Portuguese product), for its quality.
Many
generations of people of all age groups remember the Regina chocolates: the milk chocolate bars with almonds, the old
chocolate bar with a yellow wrappage and a truly vintage taste , the many chocolate bars stuffed with crystalized
fruits, the little bonbons with an explosion of flavour in its core…
However,
the most iconic chocolates are clearly the little chocolate umbrellas, as well
as the chocolate pencils, the Floc Choc (a crunchy cereal chocolate bar), and
the Coma com Pão (Eat with Bread), a chocolate bar nutritionally and physically
designed to be eaten between two bread buns, hmmm… Regina is also known for its
máquinas de furos (hole machines), which livened up many fairs and markets.
Now, what is a máquina de furos? It’s an arcade-like machine with a game whose
goal is to stick a needle (a big one) in many holes, so to make bonbons with
various flavours fall to the bottom of the machine. Some of the bonbons (the silver and the golden
ones) could even be taken to the machine owner in order to receive a prize
(normally a football sticker). The
increase on the popularity of the chocolates was so, that in 1970, 500 workers
produced 15 tons of Regina products every day.
But,
of course, when you hear about Regina chocolates, you also have to hear about
Imperial, another Portuguese chocolate factory, which created chocolate brands
that were rivals to Regina. Imperial was founded a bit later than Regina, in
1932, and from its start it became notorious for the chocolates Bom-Bokas,
Fantasias de Natal, Pantagruel, Pintarolas and Allegro.
1982
was an equally important year for both chocolate companies. While Regina
reached its production and popularity heyday, Imperial celebrated its 50th
anniversary by bringing to the market the new Jubileu chocolates, which also
became very famous. Even so, from that year on, in general, every Portuguese
product experienced a drop in their sales. Why? Well, because of Portugal’s
entry in the European Economic Community, many powerful foreign chocolate
trademarks entered in our country, leading a suffocating competition to brands
like Regina and Imperial. While Imperial survived from the attacks of its
competitors, by exporting their products to Japan and Brasil, Regina couldn’t
keep up and fell into oblivion in the 90s.
Luckily,
in 2000, the Regina chocolates brand was reborn, when it was bought by its old
rival, Imperial. In 2002, the Regina chocolates were back on the market, with
the same taste and quality, only with a different graphical design, and
Imperial conducted a market poll, from which concluded that Regina still
detained a popularity superior to 90% in Portugal. From that moment on, Regina
became the national leader in the chocolate with almond and hazelnut category
and it is now in more than 20 countries throughout the world, including the
USA, Canada, Brazil, Venezuela and Italy. It is today a mega-trend, and it
holds the title of Retro-Future product, that is to say, a vintage brand that
delighted past generations, which is today well alive and looking towards the
future.
Escrito por Joaquim Ventosa.
Este artigo não obedece ao Novo Acordo Ortográfico.